Fundações e Contenções
Fundação com tubulões
Perfuração profunda usada na construção de pontes e viadutos exige atenção à compatibilidade do material de base com a tensão de projeto adotada e a instabilidade do solo. Saiba como inspecionar o serviço
Por Melina FogaçaEdição 20 - Novembro/2012
Vistorias em canteiro
Na fiscalização desse tipo de obra, o primeiro passo é verificar as condições do solo junto à base do tubulão com a presença de um profissional especializado, que deve verificar a base (nivelamento, resistências e presença de materiais não previstos) antes da liberação da concretagem, explica a diretora do Centro de Tecnologia de Obras de Infraestrutura do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), Gisleine Campos.
Luis Antonio Naresi lembra que a liberação do disparo da base deve ser feita pelo engenheiro especialista em fundação e geotecnia para confirmação se o que estava previsto no projeto, da tensão da base de fundação, é confirmada no local da abertura da base.
Durante a execução também é fundamental vistoriar a manutenção da estabilidade da escavação, seja do fuste ou da base do tubulão. Nesses casos, para solos não coesivos ou em que exista a tendência de fechar o fuste, indica-se o uso do revestimento. Para garantir uma escavação estável, também recomenda- -se a utilização de ar comprimido sob o nível d'água em solos de permeabilidade significativa.
Fichas de fiscalização |
 |
Tabela de fiscalização de fundações de tubulão desenvolvida pelo Departamento de Estradas de Rodagem de São Paulo (DER/SP) |
|
Caso ocorram irregularidades na instalação do sistema, especialmente desalinhamento do fuste e dificuldade de abertura e concretagem da base, é preciso corrigir imediatamente, pois o tubular não pode ficar muito tempo aberto para não sofrer alívio de tensões e perda de resistência do solo. "A concretagem pode ser feita em curto prazo", explica Kochen.
A norma NBR 6.122/10 - Projeto e Execução de Fundações, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) - que fixa as condições básicas a serem observadas no projeto e na execução de fundações de edifícios, pontes e outras estruturas - determina que quando as características do solo indicarem problema no alargamento da base, deve-se prever o uso de injeções, aplicações superficiais de cimento, ou até mesmo escoramento, com o objetivo de evitar desmoronamento.
A normativa também recomenda que a base do tubulão deva ser dimensionada de modo a evitar alturas superiores a 2 m. Somente em casos excepcionais, justificados, admitem-se alturas superiores. É preciso ainda evitar a realização de trabalhos simultâneos em bases alargadas de tubulões, cuja distância, de centro a centro, seja inferior a duas vezes o diâmetro de maior base, valendo essa recomendação tanto para escavação, quanto para concretagem, especialmente quando se tratar de tubulões a ar comprimido.
Segundo Gisleine Campos, do IPT, cada caso precisa ser analisado individualmente e, ao se detectar qualquer problema durante a escavação ou concretagem do elemento, é necessário contatar o projetista responsável para que sejam avaliadas as condições de segurança e os eventuais impactos negativos do problema no desempenho e na estabilidade da obra em execução.
Em canteiro, é aconselhável ao fiscal checar, ainda, os registros das variações das camadas geológicas em boletins de perfuração apropriados e as diversas camadas de solo/alteração/matacão e rocha. Além das questões ligadas à saúde dos trabalhadores, especialmente no caso de uso de ar comprimido, situação que exige preparo prévio e tempo reduzido de trabalho dos operários.
PÁGINAS ::
<< Anterior |
1 |
2 |
3 |
Próxima >>
Comentários